sexta-feira, 6 de abril de 2018

Sétima aula!

Retomando as aulas passadas, o professor chamou a atenção para o fato de que, naquelas 1ª, 2ª e 3ª semanas, a maior atenção dada foi ao ato de ler.

Então, o professor explicou que para as próximas semanas, a maior atenção dada será ao ato de escrever.

Para que os estudantes pensassem a respeito disso, o professor, com o objetivo de instigá-los, convidou a pensar sobre o seguinte:

"O que é, afinal, escrever?"

Da técnica de explosão de ideias acima, emergiram uma série de noções que foram identificadas através de uma lista no quadro de giz, a saber:

- contar algo para alguém
- aprender
- pensar
- expressar-se
- externar os seus sentimentos
- ser mais bem entendido
- dizer algo
- reclamar
- expor os pensamentos
- "falar"
- colocar letras e palavras no papel
- riscar

A fim de problematizar, o professor tomou as últimas noções da lista, a de "riscar letras e palavras" e a de "riscar", questionando:

"Será que o riscar num papel e o simples colocar de letras e palavras numa folha pode ser chamado de 'escrever'?"

Os estudantes prontamente reconheceram que não, que escrever vai além de meros riscos sem sentido ou de letras e palavras que, por si só, podem não carregar nenhum significado se, por exemplo, estiverem fora de uma ordem que lhes confira sentido.

Seguindo no diálogo que buscava a problematização, o professor questionou se as noções de "aprender" e "pensar" eram compatíveis com o ato de escrever. Instigou, assim:

"Vejam bem, como posso aprender com aquilo que vou escrever se só posso aprender com alguém, com outra pessoa, o colega ou o professor, por exemplo, ou com o livro?

Então, como posso aprender com minha própria escrita, que é, por assim dizer, algo que 'sai' de mim mesmo?
Dito de outro modo: posso ensinar a mim mesmo?"


Os alunos imediatamente acharam estranho e reconheceram a lógica por trás da problematização proposta pelo professor. Mas, intuíram que é possível sim o escritor aprender com o seu ato de escrita.

Diante disso, o professor introduziu o que chamou carinhosamente de "segredo", a saber, com mais ou menos as seguintes palavras e instruções:

"Muitas pessoas acham que para escrever um texto, devem pensar, pensar e pensar antes de escrever. Ou seja, acreditam que é necessário pensar muito previamente. Acreditam que todas as ideias têm de serem pensadas e imaginadas antes para, só depois, serem passadas para o papel. Isso não é bem assim.

Segundo uma noção, retirada do livro "Escrever é Preciso", do autor gaúcho Mário Osório Marques (1925-2002), a escritora Clarice Lispector (1920-1977) externava que era justamente quando ela começava a escrever que os pensamentos vinham.

Deste modo, para o professor serrano acima citado, o ato de escrever, muitas vezes, não deve ser precedido do muito pensar, mas sim do escrever propriamente dito. É ao se escrever que se escreve mais. É ao se escrever que surgem as ideias. É o ato de escrever que permite que vislumbremos como nós mesmos pensamos, e, com isso, aprendemos."

Com base no conhecimento acima, o professor chamou a atenção para o fato de que, por incrível que perecesse, os estudantes que externaram que escreviam para que aprendessem, apesar de sua inocência, tinham toda a razão.

O professor concluiu a aula construindo o conceito de que escrever é comunicar, que, por sua vez, foi colocado no quadro de giz.

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